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quatro de treta e um bebé!

"Não me digam que concordam comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado." – Oscar Wilde

quatro de treta e um bebé!

"Não me digam que concordam comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado." – Oscar Wilde

30
Mar20

A História que estamos a viver

quatro de treta e um bebé

Olá pessoas!

Já pararam para pensar que, neste preciso momento, estamos a viver um momento histórico que, daqui a uns anos, estará nos livros de todos os miúdos que tiverem o privilégio (sim é um privilégio) de estar nas suas escolas a aprender sobre o mundo?

Crescemos todos a ler sobre a I e a II Guerras Mundiais, a Guerra Fria, a Revolução Francesa, o 25 de Abril e tantos outros acontecimentos que nunca sequer pensamos fazer parte (ok, claro que os nossos pais fizeram parte do 25 de abril, alguns dos nossos avós talvez tivessem passado pela II Guerra Mundial) mas com a evolução do mundo e com tudo o que hoje temos, com tudo acessivel a o todos, alguma vez vos tinha passado pela cabeça viver os dias de hoje? Na minha não tinha passado, de certeza.

E sim, vivemos a história quando apareceram os telemóveis, e a internet, e o mIRC. Quando deixamos de usar o telefone de fio da PT (em que para ter internet o telefone tinha que ser desligado) e passamos a usar aqueles queridos tijolos com teclas e antenas. Passamos pela história quando deixamos de ter que escrever uma mensagem com nao sei quantos caracteres e com abreviaturas (só para não gastarmos duas mensagens, porque isso equivalia a um gasto extra de dinheiro!), quando deixamos de enviar postais aos amigos e passámos a tirar fotografias com o telemóvel. Estamos a viver história, quando os glaciares do ártico estão a derreter, quando a barreira de corais da Austrália está a ser diminuida a olhos vistos, vivemos história quando o Barack Obama foi eleito. Mas em 2020, a maior parte de nós está em casa. De quarentena. Num estado de emergência. Estado esse que os nossos pais já passaram, é verdade, em novembro de 1975, mas que, se calhar, não deixou as marcas que este estado deixará. Estamos a viver história, porque estamos em casa. 

Se calhar isto vai servir (e acredito mesmo que sim, ao contrário da M.) para sairmos desta fase melhores pessoas. Sermos mais bondosos e mais tolerantes. Podemos aproveitar estes tempos, em que o que não nos falta é tempo, para falarmos com aqueles amigos dos quais nos fomos afastando, mas ainda gostamos tanto. Podemos aproveitar este tempo, para pedir desculpa a alguém que tenhamos magoado, mesmo sem querer. Podemos aproveitar para pensar no que podemos melhorar, e aprender a não dar tudo por garantido. Há duas semanas, alguém achava que sair para ir à farmacia ou ao supermercado era das poucas coisas que podiamos fazer fora de casa?

Alguém, há um mês atrás, achou que ia ter tempo de ler os livros que tem na estante há anos, de ver as séries que se acumulavam? de passar tempo com os filhos, de os ajudar a estudar, de os ver crescer?

Alguém, há um mês atrás, pensou que podia passar o dia a trabalhar de pijama em casa, cabelo apanhado e make up free? not me. 

E não, estes não são tempos risonhos, não são tempos felizes, são tempos de medo, de receio, de incerteza, mas é um tempo histórico e podemos tirar o melhor partido dele e aproveitar para sair deste estado pessoas mais fortes, melhores, e com mais vontade de viver, de fazer pelos outros e de fazer pelo mundo.

Mas não nos esqueçamos que temos que puxar por nós neste tempo tão difícil. Temos que ser fortes e ultrapassar o medo (tão fácil falar...), temos que acreditar que daqui a uns meses podemos voltar a ter uma vida normal, mas não como antes, um bocadinho como eu acredito que possa ser, mais conscientes, mais tolerantes, mais bondosos, mais cuidadosos, mas novamente tão felizes com o simples acto de podermos ir trabalhar para os nossos escritórios, almoçar com os amigos num bom restaurante, sair para uma aula de dança ou ir ao ginásio. Mas para já, vamos pensar em quão privilegiados somos, ou pelo menos, a maioria de nós, pelos dias que podemos ficar em casa, ou podemos trabalhar de casa, porque temos uma casa, ou temos uma família connosco que é isso mesmo, uma família, e pensemos naqueles que: 1. não podem ficar em casa porque precisam estar a combater isto na linha da frente, quer para nos curar quer para que as coisas continuem a chegar a nossa casa, possamos continuar a fazer as nossas compras e o nosso lixo; 2. aqueles que, efectivamente, não têm casa; 3. aqueles que, apesar de estarem em casa, têm também em casa os seus agressores ou aqueles que tanto mal lhes fazem. 

Vamos agradecer, enquanto podemos, todas as coisas boas que continuamos a ter, apesar de tudo o que se passa. 

E vamos esperar que, quando a pandemia aparecer nos livros de história dos nossos filhos, possamos pensar nela como algo distante e do qual conseguimos sair com o minimo de sequelas possível... E que fez as pessoas e o mundo crescer. 

 

Deixo-vos um video - que vi no instagram da cocónafralda - que tanto nos mostra como Portugal é incrível e nos relembra que nós portugueses, também somos. 

Can't Skip Hope.

F. 

25
Mar20

Assim que tiver tempo, prometo.

quatro de treta e um bebé
Há uns meses atrás a F. escrevia-nos sobre o tempo, sobre como "ele" passa e nem nos apercebemos disso. Escrevia-nos sobre como passamos o tempo a desejar que chegue um determinado dia e quando esse dia chega, automaticamente passamos a desejar um outro. E está tão certa!

Nunca arranjamos tempo para estar, para usufruir, para desfrutar. Ou porque temos muito trabalho, ou porque estamos cansados ou porque hoje não dá e amanhã não apetece. A família, os amigos, acabam por se encaixar nas horas vagas que não existem, de uma vida sempre agitada, com tempo contado para coisa nenhuma, coisa essa que é sempre prioritária. Damo-nos conta que passamos mais tempo com pessoas que não nos dizem nada ou que nos dizem muito pouco, com pessoas mesquinhas, de quem nem gostamos, ou até a fazer algo que não nos satisfaz. Porque para isso há tempo, porque isso é o que tem que ser, a isso somos obrigados. E fazemos, e vamos, e (sobre)vivemos aquilo que chamamos de vida, sonhando com um determinado dia, momento ou pessoas.

De amanhã não passa. No próximo fim de semana é que é. No próximo ano não há desculpas. Nas próximas férias, da próxima vez, assim que tiver tempo, na próxima encarnação. Fica para a próxima, prometo!

E de repente, chega um tal vírus que nos obriga a ter tempo. Um tempo imposto. Que nos condena à prisão, sem direito a visitas e que o único contacto permitido é através de videochamadas. E de repente, todos temos tempo. Através de uma pequena câmara, arranjamos formas de tomar café ou jantar com as pessoas que nos são queridas. Arranjamos tempo para ir ao ginásio, jogar cartas ou, simplesmente, estar à conversa. Os filmes parece-nos aborrecidos, os livros cansativos, as redes sociais uma seca. Porque o que gostamos mesmo é de pessoas. De estar com pessoas. E foi preciso um tal vírus aparecer, para nos darmos conta disso mesmo. Um tal vírus que nos mudou as perspetivas e diz-se por aí, que assim que esse vírus nos abandonar, o mundo jamais será o mesmo. As relações pessoais jamais serão as mesmas.  

E de repente, esse tal vírus vai embora. Felizmente, voltaremos à nossa rotina diária. Aos trabalhos que nos tiram tempo e energia, às coisas que nem gostamos assim tanto, mas que tem que ser. E as prioridades que durante estes tempos de quarentena estabelecemos, desaparecerão novamente. Ficarão para mais tarde. Para outra altura. Para quando houver tempo

Diz-se, por aí, que esse tal vírus veio mudar as pessoas. Diz-se por aí e diz-se mal. 

Durante a estadia desse tal vírus, as pessoas fizeram aquilo que fazem sempre. Esperar por um dia que não aquele. E quando esse dia chegar, esperarão por outro. E outro. E outro. Até que não hajam mais dias por que esperar. 

 

M.
19
Mar20

Carta ao Papá

quatro de treta e um bebé

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Olá Papá!

Este é só o segundo ano que festejo contigo o Dia do Pai, mas as diferenças são tantas...
Hoje acordei e pude encher-te de mimo, abraços, beijos, e cantigas.
Hoje pude sentir-te com tempo para me ouvires, para cantares comigo, para brincares comigo, para tomares o pequeno almoço comigo, para almoçares sem pressas comigo, para me adormeceres na minha sesta.
E que bom que foi!
Senti que o fazias com tempo, sem nunca olhares para o relógio, sem te ver stressado e preocupado com o escritório, sem atenderes o telefone, sem pegares na toga e saíres a correr. Que bom, que bom!!
Acordei da sesta e qual não foi o meu espanto estavas lá, a perguntar-me o que queria lanchar. Brincaste comigo durante a tarde. Senti-te feliz. Fizeste-me feliz. Que bom que é ter-te comigo.
Pode ser sempre assim?
Explicaram-me que estávamos de quarentena por causa de um vírus.
Não entendo bem e não sei do que se trata mas acho que eles nos querem bem.
Vocês disfarçam mas parecem preocupados. Contudo, o meu balanço é sempre o mesmo. Estou agora com vocês como nunca estive desde o dia em que nasci.
Obrigada COVID-19!!

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14
Mar20

Carta à COVID-19

quatro de treta e um bebé

Querida (?) COVID-19, 

Qual Wanderlust, qual quê?
Decidiste ceder à tua vontade súbita e forte de viajar e quiseste envolver-nos a todos.
Não achas que é egoísmo a mais fechar um mundo inteiro para te ver passar? Queres esplanadas vazias, centros comerciais mais airosos, escolas fechadas, serviços parados, ruas desertas para te passeares à vontade. Não é egoísmo a mais? Pensa que o egoísmo determinou também que os museus, espaços públicos, praias, parques, estabelecimentos de diversão fossem encerrados e nem tu podes deles tirar proveito. Vemos-te passar de forma arrogante e a incomodar todos os que tranquilamente seguiam a sua vida, ao ritmo habitual. Chegaste determinada a perturbar o quotidiano e os costumes de cada nação. Ninguém te disse que a beleza da viagem está no que adquires e "bebes" culturalmente dos outros? COVID-19, continua a tua viagem discretamente, de forma serena e tranquila, ao som daqueles que te vão "acolhendo" sem te impores demasiado.
Tira o máximo proveito desta viagem e faz com que ninguém dê por ti.
A torcer para que a tua viagem termine rápido,
S.

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