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quatro de treta e um bebé!

"Não me digam que concordam comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado." – Oscar Wilde

quatro de treta e um bebé!

"Não me digam que concordam comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado." – Oscar Wilde

04
Out18

Era uma vez #1

quatro de treta e um bebé

Olá pessoas!

 

Hoje venho falar-vos de um livro que li durante o mês de Setembro. Chama-se O Desaparecimento de Stephanie Mailer e é do Joël Dicker.

 

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Sinopse:

Na noite de 30 de Julho de 1994, a pacata vila de Orphea, na costa leste dos Estados Unidos, assiste ao grande espectáculo de abertura do festival de teatro. Mas o Presidente da Câmara está atrasado para a cerimónia… Ao mesmo tempo, Samuel Paladin percorre as ruas desertas da vila à procura da mulher, que saiu para correr e não voltou. Só pára quando encontra o seu corpo em frente à casa do presidente da Câmara. Dentro da casa, toda a família do presidente está morta. A investigação é entregue a Jesse Rosenberg e Derek Scott, dois jovens polícias do estado de Nova Iorque. Ambiciosos e tenazes, conseguem cercar o assassino e são condecorados por isso. Vinte anos mais tarde, na cerimónia de despedida de Rosenberg da Polícia, a jornalista Stephanie Mailer confronta-o com uma revelação inesperada: o assassino não é quem eles pensavam, e a jornalista reclama ter informações-chave para encontrar o verdadeiro culpado. Dias depois, Stephanie desaparece. Assim começa este thriller colossal, de ritmo vertiginoso, entrelaçando tramas, personagens, surpresas e volte-faces, sacudindo o leitor e impelindo-o, sem possibilidade de parar, até ao inesperado e inesquecível desenlace. O que aconteceu a Stephanie Mailer? E o que aconteceu realmente no Verão de 1994? 

 

Opinião

Este não é o primeiro livro do Joël Dicker que eu leio. Li há uns tempos o A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, aconselhado por uma amiga e gostei muito. Sei que além deste livro Joël Dicker tem outros livros, mas só a sinopse do Desaparecimento da Stephanie Mailer me gerou curiosidade suficiente para voltar a este escritor que tanto me apaixonou com o Quebert.

Joël Dicker é um escritor Suíço. A verdade Sobre o Caso Harry Quebert foi o primeiro livro que li de um escritor suíço. E não se enganem, a escrita varia muito não só porque, obviamente, cada pessoa escreve à sua maneira, mas também pelas suas origens, cultura e crescimento literário. Gosto de ler autores de diferentes nacionalidades, até para perceber tanto o que é que une esses mesmos autores como aquilo que os separa. Mas, isto para vos dizer que gosto muito da escrita do Joël. É uma escrita fluida, complexa, e, no entanto, fácil. É um page turner, sem dúvida. Os livros do Dicker e este, em particular, têm a característica de serem os chamados “calhamaços”, ou seja, são livros, normalmente, com mais de 600 páginas. O que para muitos é um “stop”, porque são livros muito grandes, demoram mais tempo a ler, são muito pesados (literalmente)… para mim é um “venha ele”. E isto porque, apesar de serem muito grandes, poderem demorar mais a ler e serem pesados, quando valem a pena é maravilhoso ter mais do que as 300/400 páginas habituais. Eu gosto de livros, gosto de ler, gosto de histórias e personagens. Gosto tanto que, quando gosto mesmo de um livro, sofro um bocadinho porque está a acabar e, as vezes, tento protelar a leitura de forma a que o livro dure mais tempo.
Ora, nestes livros grandes, quando o livro é mesmo bom, não há tanto essa necessidade, uma vez que vamos olhando e pensando “ainda falta…”. É bom ler um livro grande quando é bem escrito. E este livro do Joël é bem escrito. Tem uma história boa e plausível. Tem personagens complexas e distintas. Tal como a sinopse supra, este livro trata de um quadruplo homicídio que aconteceu em 1994 e um desaparecimento que ocorreu em 2014. Mas enganem-se aqueles que acham que é apenas mais um policial que conta a história de dois crimes com 20 anos de espaço temporal.

Não, é um livro sobre pessoas. Falamos de muito mais que os crimes em evidência. Falamos das personagens e das suas histórias. Do que aconteceu há 20 anos atrás ao Derek e ao Jesse, do que está a acontecer neste momento ao Jesse para ele se reformar da policia tão novo. Falamos de uma cidadezinha Orphea e dos seus habitantes e como é que um homicídio e o desaparecimento de uma jornalista da zona podem abalar a cidade inteira. Falamos de ganância, de medos, de relações familiares, de anseios e de como, por vezes, a falta de comunicação pode abalar e até mesmo destruir relações. Falamos da vida de uma polícia reformado/produtor teatral que todos julgam maluco, de jornalistas, de vice presidentes que se tornam presidentes, de adolescentes traumatizadas, de bullying, de perdas, de escolhas, de amor e de vida. Falamos de todos os assuntos que mais ou menos nos vão aparecendo pelo caminho e não só os homicídios. A verdade é que se calhar falamos de assuntos a mais ou de personagens a mais. Quando damos conta há várias histórias paralelas e, para um leitor um bocadinho mais cansado ou distraído, poderá pecar por excesso. Mas, quando falamos dos homicídios, e não sejamos levamos a pensar outra coisa, este é um livro policial, a história está bem construída. Temos páginas que nos fazem perceber a investigação de 1994 ao mesmo tempo que acompanhamos a investigação de 2014. Cruzamos o presente com o passado, o que nos faz perceber melhor o que se vai passando. Não obstante, estamos constantemente a pensar, quem poderá ser o assassino? Porque é que a Stephanie disse que a verdade estava mesmo a frente dos olhos deles? O que é que escapou na investigação de 1994? Temos todos os ingredientes de um bom policial. Não sabemos quem é o verdadeiro culpado até ao fim, o que também pode ser um senão, não é assim tão previsível, é certo, mas aqueles ‘quase culpados’ dificilmente nos convencem porque alguma coisa nos diz que não é aquele, não faz sentido. Por isso, quando somos levamos para aquela personagem, apesar do autor nos querer fazer crer que descobrimos o culpado, nós, lá no fundo, sabemos que não é verosímil. Isso ou sou eu que já sei que nem tudo é o que parece.

Não podemos achar que só o desaparecimento da Stephanie e o crime de 1994 se vêem resolvidos. Não, na teia deste livro, há vários outros personagens com questões por resolver. A questão é que pelo menos uma, é resolvida no fim do livro (quando já achávamos que o autor se tinha esquecido) mas, quanto a mim, é mal resolvida. Não sei, pode ser a minha natureza de feminista e de advogada ao mesmo tempo a vir ao de cima mas, não me adiantando em relação à personagem ou ao tema, não me pareceu bem resolvido. Está bem que o livro já ia com 650 páginas mas, se calhar, em mais meia dúzia resolvia a coisa de forma um bocadinho mais plausível e coerente.

No entanto, continuo a afirmar: este livro é bom. É um livro dinâmico, é denso e rápido ao mesmo tempo, é complexo e leve na sua forma de ler. Pode ser algo muito pessoal e vocês lerem o livro e nem gostarem. Mas eu gosto deste autor, gosto dos livros dele, gosto da forma como escreve, gosto das histórias e das personagens que ele cria e constrói.

A todos quem a sinopse deste ou de outro livro dele agrade, leiam. Sem medos. Vão gostar de Joël Dicker. Espero que gostem tanto quanto eu.

 

F.

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