Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

quatro de treta e um bebé!

"Não me digam que concordam comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado." – Oscar Wilde

quatro de treta e um bebé!

"Não me digam que concordam comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado." – Oscar Wilde

20
Jul20

O amor e as coxas de frango.

quatro de treta e um bebé

Há uns tempos escrevia-vos sobre aquelas coisas que nos fazem ativar o sinal vermelho quando conhecemos alguém que nos desperta, à partida, algum interesse. Aos mais esquecidos, falava-vos do tom de voz, da data de nascimento ou da bagagem. Consigo ir mais longe (e mais ao pormenor), mas acredito que seja algo sobre o qual, no geral, partilhamos a mesma opinião.

Contudo, e porque não devemos, de todo, focar-nos apenas nas coisas más, decidi partilhar convosco aqueles pontos que nos fazem ativar o sinal verde. E se não ativar de forma automática, devemos fazê-lo de forma manual. 

Para o efeito, fiz uma análise de mercado. Que é como quem diz perguntei àquelas pessoas que me são mais próximas o que lhes fazia ativar o sinal verde. As resposta foram todas dentro do mesmo, algumas exatamente iguais, até nas vírgulas. O sorriso, a simpatia e o humor dominaram o pódio de respostas. O olhar ficou, por muito pouco, em quarto lugar. Um número muito reduzido fez referência às nádegas, às coxas, e ao six pack

Quase que vos consigo ler o pensamento. Ao fazerem uma retrospetiva percebem que se enquadram nesta amostra, que se traduz como bastante representativa da sociedade. Cliché!

Chamar-lhe-emos cliché. Efetivamente todos gostávamos de encontrar alguém com um sorriso bonito, simpático, com um humor que nos cative e um olhar que nos prende. Se a isso se puder juntar um conjunto de características físicas do nosso agrado é a cereja no topo do bolo. Mas é realmente isso que ativa o sinal verde? Com quantas pessoas já nos cruzamos assim? E por quantas pessoas já nos apaixonamos sem que tivessem cumprido esses requisitos? 

A minha pesquisa entrou num beco sem saída. Não encontrei nada de novo, de concreto ou palpável.

Até que, determinado dia, fui convidada para um jantar, cuja ementa era frango do churrasco.

Desde miúda sou obrigada a partilhar a minha parte favorita do frango: a coxa. E é traumatizante. Nenhuma outra parte do frango vale a pena. Frango é coxa. Ponto. De qualquer forma, são cerca de 30 anos a partilhar essa parte, e apesar de nunca me ter habituado a isso, é algo com que já lido com alguma naturalidade (e tristeza).

Como vos dizia, fui convidada para o tal jantar e fiz shotgun a uma das coxas. Apesar de estar habituada a partilhar, nunca me habituei a não ficar com uma para mim. Pelo menos uma. Ao meu shotgun obtenho a resposta que posso ficar com todas, pois prefere a parte do peito. 

Meu deus! Os meus olhos brilharam, o coração palpitou, as borboletas esvoaçaram alegremente dentro do meu estômago. O sinal verde ativou automaticamente. Afinal, há algo mais importante do que aquela pessoa não cobiçar as coxas do frango? 

Naquele momento percebi que afinal existem determinadas características, que não são cliché e, que nos fazem ativar o tal sinal verde. Definitivamente, há pessoas que não devemos deixar fugir: as que não gostam da mesma parte do frango que nós. 

M.

19
Mai20

Época Balnear 2020

quatro de treta e um bebé

A abertura da época balnear nunca foi digna de uma abertura com "pompa e circunstância", pelo simples facto de, se assim entedêssemos, podermos estender a toalha na areia em pleno mês de dezembro, e com a exceção da pneumonia ou da hipotermia, mais ninguém queria saber disso.

Este ano, o Covid-19 veio por-nos a todos a ansiar pela tal abertura da época balnear. E as medidas governamentais que se pretendem implementar, para que o regresso às praia seja o mais seguro possível, colocou-nos em frente à TV, a ouvir com bastante atenção, para percebermos se em vez de acordarmos às cinco da manhã para conseguirmos estender a toalha o mais perto possível da água, não temos que passar lá a noite para garantir que temos lugar no areal. Tipo fila para marcação de consulta no centro de saúde. Nada de novo.


Ao que a mim diz respeito, admito estar super entusiasmada com a época balnear 2020. Pela primeira vez, desde que me lembro, posso chamar a policia quando aquela família com 20 pessoas, chegar à praia às onze da manhã e montar a barraca (literalmente) no metro quadrado que sobrou ao meu lado. Estou em êxtase só pela possibilidade.

Há anos que anseio que apareça uma nuvem bem carregada, em cima deles, do tamanho desse metro quadrado, e que comece a chover torrencialmente, só ali. Ou então que a onda do mar, faça um pequeno desvio, naquele metro quadrado, e leve todas as suas coisas. Obrigada Covid.

Também prevejo que, este ano, seja possível resolver o problema daquelas criaturas (adultos e crianças, entenda-se!) que passam a correr junto à minha toalha. A minha solução passará por tossir ou espirrar, com todas as minhas forças, no momento em que por ali passam. Acredito que não voltem a passar e prefiram dar a volta à praia, mesmo que essa volta seja de 10 km. Obrigada Covid.


Não deixa de ser incrível como é necessário que apareça um tal vírus para que as regras de bom senso sejam cumpridas. E por esse motivo, estou grata.


Aproveito este post, para vos informar, queridos leitores, que, para aqueles que não consigam passar a noite na praia e dessa forma garantir o seu lugar, na minha casa, em Vila Praia de Âncora, tenho um terraço onde cabem cerca de 10 pessoas (garantindo as devidas distâncias de segurança), disponível para alugar. Para além do sossego do vosso metro quadrado, garantimos uma bacia onde podem molhar os pés e refrescar-se. Tem vista para o mar. Mais informações por MP. 


M.

10
Out19

Direito de Resposta de Hezalel ao texto "O meu anjo da guarda abandonou-me!"

quatro de treta e um bebé

"Tem direito de resposta nas publicações periódicas qualquer pessoa singular ou coletiva, organização, serviço ou organismo público, bem como o titular de qualquer órgão ou responsável por estabelecimento público, que tiver sido objeto de referências, ainda que indiretas, que possam afetar a sua reputação e boa fama", art. 24.º, n.º 1 da Lei da Imprensa (Lei 2/99, de 13 de janeiro).

Era desta forma que começava a carta que me foi dirigida, e que infra transcrevo, enviada pelo meu querido anjo da guarda, exigindo a publicação da mesma neste blog, que até então tinha algum nível nos artigos publicados. 

Li e reli o artigo supra citado. Acho que conseguia arranjar justificação plausível para não o fazer. Desde logo, e sem entrar nos pormenores da reputação ou boa fama, o meu anjo da guarda não se trata de uma pessoa, organização, serviço ou organismo público, nem me parece ser titular de qualquer órgão ou responsável por estabelecimento público. No máximo será responsável por mim, função que desempenha, digamos, com algum desdém! Mas enfim! Revirando os olhos, enquanto encolho os ombros,  e sob protesto, decidi ceder ao seu "pedido" e acreditar que, desta forma, a partir de hoje, as coisas mudam e as paz prevalece entre nós. Torçamos por isso. Que esta exposição pública não seja em vão. Ou que, pelo menos, me permita pedir uma indemnização...por danos morais.

"Queridos leitores, 

Ao contrário do que foi aqui publicado, a 16 de agosto de 2019, durante estes quase 31 anos (sim, Ela diz 30, mas são quase 31) sempre exerci as minhas funções com total empenho e dedicação. Efetivamente estou cansado, (afinal quem é que trabalha 31 anos, sem paragens, e não se cansa? Nem os anjos!) mas nunca o meu cansaço foi sinónimo de desleixo. 

Dou por mim, por vezes, a tentar perceber que mal terei feito numa outra vida, para que me tivesse calhado Esta pessoa na rifa. Quando levanto esta questão em grupo, é-me respondido, cada vez com menos convicção, que os grandes desafios são entregues apenas àqueles com capacidades para os superar. Cliché! Mas ainda assim, acreditando que merecia melhor, aceitei o desafio e em momento algum me desligo da Pessoa ingrata de quem sou o anjo da guarda. Se bem que mesmo que tentasse, acho que a campainha do perigo tocava. 

Durante estes 31 anos, e por mais difícil que seja, nunca A abandonei. Recordo-me, por exemplo, de quando concorreu à faculdade. Andava numa época em que só via séries criminais, e no momento da candidatura, deixou Direito e Coimbra em 2.º opção e concorreu para Ciências Criminais, no Porto. Acham que foi fácil, retirar-lhe uma décima da média para que não entrasse em Ciências Criminais? Mesmo assim, teimosa, entrou em Direito a pensar na especialização em Penal. Especializou-se em Imobiliário e nunca, ao longo destes anos, trabalhou em Penal por opção. 

E a paixão platónica pelo rapaz mais feio que alguma vez viram? Foi duro, desgastante e obrigou-me a trabalhar em conjunto com o anjo da guarda do tal rapaz, para lhe encontrarmos uma namorada e dessa forma esperar que Ela não se atrevesse a chegar perto. Para que tenham alguma noção, o meu colega ainda hoje se emociona quando relembrar o momento em que finalmente encontramos a tal namorada, e diz, entre lágrimas, que nunca conseguirá retribuir essa ajuda.

A lista é extensa e infinita. E ainda agora, enquanto vos escrevo, Ela está a tentar desviar-se do percurso. Contudo, contra tudo e contra todos (ou talvez só contra ela própria), continuo cá, firme e forte. Com 1,80 e corpo musculado. E totalmente disponível caso algum de vocês, caro leitores, pretender me contratar.

Tenho experiência nas mais variadas áreas, podem acreditar. E sucesso em tudo onde meti a mão. Basta olhar para Ela. Sou trabalhador e não desisto. Se não desisti dela, acreditem, não desistirei de vocês.

Hezalel, o verdadeiro Anjo da Guarda."

M.

18
Jul19

Aos colegas de trabalho.

quatro de treta e um bebé

Com a passagem dos anos, e a evolução inerente, substituímos os colegas da escola, aqueles que eram também os nossos amigos e com quem passávamos a maior parte do nosso tempo, pelos colegas de trabalho.

Na altura, e no geral, o que nos fazia levantar todos os dias para ir para a escola eram as pessoas. As conversas, os jogos de futebol nos intervalos, as risadas nos momentos mais inoportunos. A nossa vida desenrolava-se, essencialmente, durante aquele tempo, com aquelas pessoas. Com quem crescemos, aprendemos e nos moldamos. Talvez nunca tenhamos pensado nisso (eu, pelo menos, só estou a pensar agora) mas hoje, somos o que somos, seguimos os caminhos que seguimos, muito graças aos nossos colegas de escola e àquilo que vivemos com eles ou por causa deles. E eles a mesma coisa. São o que são, também, por nossa causa. E pela forma como interviemos nas suas vidas.

Agora, já mais crescidos e com perspetivas sobre as relações pessoais bem diferentes das da altura, passamos a maior parte do nosso tempo com os colegas de trabalho. E ao contrário daquela época, ninguém fica feliz por acordar todos os dias e ir para um espaço onde estão os nossos colegas de trabalho. Exceto eu!!

Ao contrário dos tempos da escola, já não é no local de trabalho que estão os nossos amigos. Ou até estão, pelo menos alguns, mas não é lá que nos gostamos de encontrar. Até porque o pão com chocolate e o leite achocolatado foram substituídos por minis e amendoins, e ainda não conseguimos perceber o porquê de essas duas coisas não estarem disponíveis nas máquinas de vending no nosso local de trabalho.

Sem dispersar, uma vez que as minis e os amendoins já me levaram os pensamentos para outros lados, eu devo ser das poucas pessoas (se não a única) que continua a acordar todos os dias com vontade de ir para o meu local de trabalho por causa das pessoas. Sou, sem dúvida, uma privilegiada por privar, todos os dias, com seres tão... puros.

Preocupam-se comigo como ninguém. Zelam pela minha vida. Acrescentam-lhe a pitada de sal que ela precisa. Agitam-na.
Arranjam-me namorado quando percebem que é isso que me faz falta e terminam essa mesma relação quando percebem que me está a fazer mal. Mandam-me de férias para aliviar as ideias e mudam-me de casa porque entendem que a minha já não corresponde às minhas necessidades, que eles tão bem conhecem. Arranjam-me encontros e mantém-se ao longe a assistir, apenas para se certificarem que tudo corre bem. Garantem que chego a horas ao trabalho e confirmam que não me atraso na hora de saída. E tudo isso sem eu saber. Para que não me sinta em dívida,  para que não sinta a obrigação de retribuir.

Há alturas em que me pergunto se conseguem ter tempo para gerir a vida deles, que, imagino eu, também precisa de algum cuidado. Chego a sentir remorsos por não conseguir responder na mesma medida, de retribuir da mesma forma. E sinto ainda mais remorsos, por saber que mesmo que tentasse não conseguiria, sequer, chegar perto daquilo que fazem por mim. Dou por mim, todas as noites, antes de adormecer, a agradecer a Deus (e logo eu que nem acredito em Deus!) o facto de os ter colocado na minha vida. E a pedir para colocar alguém como eles na vida deles próprios.

Depois tenho os outros. Os que para além de colegas de trabalho são também meus amigos. Com quem passo imenso tempo, principalmente se na nossa companhia estiver a tal mini e os amendoins. Que me convidam para jantar em casa deles, que fazem questão de me ter nos momentos importantes como aquele em que decidem dizer "sim" ao "felizes para sempre", ou me ligam em euforia a dizer que vão ser pais. Com quem passo horas a fio a falar da minha vida, ou da deles, que conhecem os meus medos e os meus sonhos. Que sabem os meus segredos e partilham comigo os deles. Os que não me importo de fazer quilómetros só para estar à conversa, para rir nos momentos mais inoportunos ou jogar futebol nos intervalos.


É pá! Mas estes... estes não chegam nem aos calcanhares dos outros. E que pena!

M.

Sobre mim

foto do autor

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D