Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

quatro de treta e um bebé!

"Não me digam que concordam comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado." – Oscar Wilde

quatro de treta e um bebé!

"Não me digam que concordam comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado." – Oscar Wilde

08
Nov18

Os meus amores pequeninos (parte 1)

quatro de treta e um bebé

Em outubro de 2010 nasceu um dos meus amores pequeninos: a S.

 

Tinha 18 anos quando me contaram que ia ter uma irmã (da parte do pai, que vivia nesta altura em Inglaterra).

Como devem compreender, a ideia de ter uma irmã não me passava sequer pelo pensamento. Claro que, quando somos pequenos, pensamos nisso, e a maior parte de nós fantasia com o que seria ter um irmão ou irmã. Contudo, verdade seja dita, aos 18 anos, essa ideia já está há muito arredada do nosso pensamento, e é algo que já nem sequer contemplamos. Por isso, podem bem imaginar a minha cara quando me deram esta novidade: parte incrédula, sem saber o que dizer, parte “será que ouvi bem”, parte a fazer as contas à nossa diferença de idade, parte a contemplar a distância que nos ia separar.

Sendo, como sou, um tipo de pessoa ver-para-crer, a ideia pairava mas ainda não tinha assentado. Aliás, aconteceu o mesmo com a B., tal como a F. descreveu, ficámos cépticas, como se a bebé que aí vinha fosse fruto da imaginação, uma fantasia meia surreal, “ia mesmo acontecer?”, e sentimos o desejo de o tornar o mais real possível, o que só aconteceu quando, finalmente, a conhecemos.

E então, em 2010, lá fui eu, com os meus avós, até Inglaterra, passar o meu aniversário na expetativa de conhecer a pequena. Mas a S., que não tem nada o feitio da irmã, não quis nascer nessa altura, e decidiu ficar na barriga da mãe durante mais umas semanas. Lá voltamos nós a casa, um pouco desiludidos por não sermos os primeiros a receber a bebé. No dia 1 de outubro, estão os meus tios e primos a chegar a Inglaterra, e a S. lá se decide a vir para o mundo, e surpreende-os com o presente que foi a sua chegada. Pouco tempo depois, lá voltámos a entrar no avião, desta vez com a certeza de que a S. nos aguardava.

Entrei no avião sem certezas. Não sabia o que esperar, não sabia o que ia sentir, não sabia como iam ser os próximos anos.

Tudo isso desapareceu quando a vi. Quando a segurei nos meus braços pela primeira vez, não tive dúvida nenhuma, só certezas. Tivesse a Deslandes lançado a música há oito anos atrás e dizia-vos que ali, soube que era amor para a vida toda.

 

S. (Tata para nós):

Tu não te lembras, mas passei aqueles dias agarrada a ti. Levava o meu ipod com músicas para ouvirmos juntas, embalei-te, dormi contigo, fiquei simplesmente a contemplar-te. Quando estávamos sozinhas, tu não sabes, mas eu falava contigo, e cantava para ti. Tu eras tão pequenina! Tão linda. E minha. Quando te peguei ao colo pela primeira vez tive a certeza, tu eras minha, a minha irmã, sangue do meu sangue, para sempre parte de mim, independentemente do que o futuro tivesse reservado para nós.

Uma das músicas que gostava de trautear para ti era a Patience, dos Guns N’Roses, porque fazia tanto sentido (se eu sequer imaginava que o teu gosto musical ia ser tão diferente do meu!).

Was a time when I wasn’t sure but you set my mind at ease,

There is no doubt you’re in my heart now (…)

If I can’t have you right now, I’ll wait dear.

Sometimes, I get so tense, but I can’t speed up the time,

But you know, love, there’s one more thing to consider

Said woman, take it slow, and things will be just fine,

You and I’ll just use a little patience

Said sugar, take the time, ‘cause the lights are shining bright,

You and I’ve got what it takes to make it. 

A viagem de volta foi difícil. Não contei a ninguém, mas vinha com os olhos cheios de lágrimas e o coração apertado. Sabia que ia sentir a tua falta, e que ias sentir a minha. Custou-me muito deixar-te tão longe. Cada vez que fechava os olhos ouvia-te, o teu choro (tu tinhas uns pulmões bem potentes!).

Pouco tempo depois, tiveste o teu primeiro Natal, e voltámos a Inglaterra para o passarmos contigo. Ofereci-te um álbum com as tuas primeiras fotografias com a família e, claro, comigo, para que, quando fosses mais velha, pudesses ver todo o amor com que foste recebida, e que estamos contigo desde que tu eras uma bebé tão pequenina. Levei-te também um cd, porque a música é tão importante para mim e uma forma tão boa de demonstrar o que sentimos, onde incluí algumas das músicas que ouvimos juntas, e outras que me faziam lembrar de ti. A principal, que te dediquei na altura, hoje e sempre, é da Adele, Make You Feel My Love.

Hoje vives em Portugal, ainda assim afastada de mim, porque a vida é assim, e continuamos sem fazer ideia do que vai ser o nosso futuro.

Mantenho a certeza que tive no dia em que te conheci: és minha, para sempre serás, e a ligação que nos une é forte e resiliente. O que quer que aconteça, teremos sempre isso. E eu serei sempre tua.

 

I know you haven't made your mind up yet

but I will never do you wrong

I've known it from the moment that we met,

 

No doubt in my mind where you belong (...)

There's nothing that I wouldn't do

To make you feel my love

 

 

R.

13
Set18

Primeiras impressões

quatro de treta e um bebé

Conhecemos uma pessoa nova, e agora?

 

É claro que as primeiras impressões importam.

Não vamos fingir que não, ou chamar-lhe de futilidades, nada disso! É uma mera reação natural a um evento da vida.

 

Conhecemos uma pessoa nova e o cérebro cria toda uma nova pasta para arquivar e processar as informações e sensações que os subcontratados sentidos captam.

 

Se forem como eu, e o vosso cérebro já costumar trabalhar a mil à hora, conhecer uma pessoa nova é uma festa: as sinapses disparam, atravessam-se triliões de pensamentos, inúmeros comentários impronunciáveis, a maior parte deles tão rapidamente que nem eu os entendo.

 

Não vamos fingir e dizer que não pestanejámos com combinação de verde alface com cor-de-rosa florescente, que não estranhámos a voz esganiçada que saí daquele homem de quase dois metros, ou que não nos sentimos intoxicados com o perfume intenso do senhor sentado ao nosso lado.

 

Não posso, com toda a verdade, afirmar que não imaginei que um outro corte de cabelo enquadraria melhor aquele tipo de cara, que não pensei que se tivesse aquele corpo adoraria vestir aquele vestido que vi outro dia, que não assumi que aqueles músculos se deveriam a muitas horas passadas no ginásio, que não pensei que, ainda assim, eu venceria se tivéssemos de, por algum motivo, lutar naquele momento, que não pensei que se fosse eu teria investido aquele dinheiro num dentista em vez de comprar uma t-shirt de marca, que não pensei no tempo que aquele senhor com certeza dedicará à sua barba, ou que não me lembrei instantaneamente da minha professora de infância por causa daquele perfume, porque há uma grande probabilidade de ter feito este ou qualquer outro tipo de comentário mental.

 

Não se trata de qualquer futilidade, simplesmente de um cérebro hiperativo e uma imaginação fértil que gostam de participar ativamente na minha vida.

 

E também não se trata de fazer julgar o livro pela capa, ainda que juízos de valor possam passar no meio de toda aquela confusão mental. E é natural que passem, não porque ache mais ou menos de uma pessoa com base na forma como ela se apresenta, mas porque a experiência me vai dando umas dicas sobre o que alguns sinais dizem sobre a personalidade de uma pessoa.

 

Pensam vocês: “mas quem és tu, uma indivídua de cabelo desgrenhado e escassa noção de estilo, olhos esbugalhados e péssima poker-face para achar isso tudo?”; respondo eu: uma indivídua de cabelo desgrenhado e escassa noção de estilo, olhos esbugalhados e péssima poker-face honesta! 

 

Diz quem sabe que demoramos menos de um minuto a formar a nossa primeira impressão. É aquele primeiro impacto, o primeiro embate, o primeiro olhar, som, cheiro, toque. Daí a importância do saber atrair, saber transmitir os traços que queremos, dominar a arte de, nas expressão da Tyra Banks, smize

 

Ainda que esta primeira impressão marque o tom do resto das primeiras interações, não é este o momento que considero mais marcante.

 

Mais marcante ainda são as primeiras impressões mais construídas.

 

São aquelas que decorrem, por exemplo, da primeira conversa ou dos primeiros cinco minutos que passamos com aquela pessoa que acabámos de conhecer. É aquele momento em que o nosso cérebro sente que já recolheu todas as informações necessárias para criar a imagem daquela pessoa, o seu avatar para colocar na pasta que já tinha criado, e então cruza os braços e afirma, de nariz empinado, “já te topei”.

Acredito que essa primeira imagem é muito marcante e essa, sim, dificilmente será desconstruída ou contrariada.

 

Imaginem isto das primeiras impressões como um sistema de pontos!

Após a primeira impressão imediata, o novo jogador é lançado no placard com os pontos que lhe foram atribuídos ao primeiro impacto, positivos ou negativos. A partir daí, há pormenores, palavras, expressões, cheiros, toques ou jeitos que vão dando ou retirando pontos. Quando chega ao momento em que aquela imagem fica assente, a pontuação com que a pessoa nova estiver é aquela que fica marcada. A partir daí, o sistema é o mesmo, mas já não é tão fácil obter pontos positivos ou negativos que façam mudar de forma determinante a pontuação da pessoa e, principalmente, torna-se bastante mais difícil para uma pessoa que tiver ficado com pontuação positiva perder pontos suficientes para passar a ter pontuação negativa, e o contrário.

 

Claro que a internet e o facto de muitos primeiros contactos serem feitos sem contacto físico muda algumas coisas, até porque se perde todo o efeito das hormonas libertadas e todas aquelas coisas químicas que acontecem ao nosso corpo e que são percecionados pela outra pessoa! Mas não vamos entrar por aí, porque isso é toda uma outra conversa.

 

Gosto de pensar que sou uma boa julgadora de carácter. Não é que me recuse a admitir que me enganei redondamente na imagem que tinha associado àquela pessoa, simplesmente isso não me costuma acontecer! Por isso, quando formo uma primeira ideia sobre a pessoa, costumo confiar na minha perceção. 

 

E vocês, identificam-se?

 

R.

 

Sobre mim

foto do autor

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D